terça-feira, 12 de abril de 2011

Primeiro Banho de Chuva em NY

Certas coisas são universais. Aqui em NY, assim como na Uruguaiana, é só ameaçar um chuvisco que em toda esquina você encontran alguém vendendo guarda-chuva. Sendo assim, não posso usar como desculpa a falta de recursos.

A verdade é que esse é um hábito meu que vem desde a infância. Durante as férias, esperava ansiosamente pelas chuvas de verão, só pra poder sair correndo por aí enquanto todo o resto do mundo busca refúgio. Uma das vantagens de se morar num condomínio só da sua família é que mesmo que te achem louca, vão ter que continuar te aturando, então evita-se certos comentários.

Com a adolescência, veio também um pouco de pudor. Lembro do dia em que cheguei em casa com a roupa toda molhada e a primeira reação do meu pai foi perguntar: - Você não tava na rua não, né!? Naquele momento ainda não era muito claro pra mim como funcionava o imaginário coletivo, mas resolvi restringir meus banhos de chuva ao quintal da minha casa.

E agora, em NY. Aqui chove e chove demais, mas é sempre aquela chuvinha fininha e gelada que você quase não percebe até o momento em que fica doente. E além do mais, eu tenho um super guarda-chuva de girassol e anseio cada oportunidade para usá-lo. Mas hoje foi o cenário perfeito, eu estava voltando da academia, toda de preto e já parcialmente molhada de suor, quando o céu resolveu despencar em cima de mim.

Por um segundo achei que, prestes a completar 25 anos, não teria mais coragem de sair correndo e pulando. Dentro desse segundo me decepcionei comigo mesma pela constatação que eu talvez tivesse mudado. Mas aí consegui o álibi perfeito: O sinal começou a ameaçar fechar, então não pensei mais duas vezes, disparei pro outro lado da calçada, intercalei com uns saltinhos e só parei na entrada do prédio, sendo recebida pelo porteiro dizendo: - You're all wet!

Esse vai me achar louca e não tenho nada que eu possa fazer. Mas lá no fundo, quem não é!?

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