8/10/09 - O que se fala em NY

Pra quem queria conhecer o mundo inteiro, acho que comecei pelo lugar certo. O que você imaginar, por aqui você encontra. Só numa loja já encontrei desde máquina de costura portátil e gelos em forma de sorrisos, até grampeador de sushi e kit completo para serigrafia. Com toda certeza, entediado é o que ninguém pode ficar. E o mais interessante são as diferentes roupas, pessoas e culturas que se encontra por onde se passa.


Hoje, por exemplo, resolvi contar quantas línguas diferentes eu escutaria ao longo de um dia. Já desisti no caminho pra escola. Já acordo ouvindo espanhol. Em duas ruas meus sensores já detectaram italiano, francês e algo que parecia grego, mas também podia não ser. Você entra num táxi e a chance de ser atendida por um indiano ou um árabe é de 95%. Português também é bem fácil de identificar, até porque discrição é uma coisa que parece não ser muito comum entre nós, e nisso eu me ponho na primeira da fila!


Pra completar, só na minha aula eu encontro chineses, koreanos, taiwanes, russos e turcos. Sem contar com aqueles americanos, que de americanos mesmo, só tem o passaporte. É rosto e nome de asiático: Choi, Moriwaki, Kuo e etc. Já aconteceu de eu estar em um elevador lotado na escola e ser a única de olho aberto, ainda bem que eu estava com sono.


E é só eu ir a uma pizzaria ou mercearia da vida para falarem comigo em espanhol. Eu já expliquei que sou brasileira e minha primeira língua é o português, mas não tem jeito. Eles olham pra minha cara, escutam o meu sotaque e já querem puxar um buenas tardes, mi amor. Nunca vi um povo com tanto amor pra dar! Normalmente eu até gostaria da oportunidade para particar outra língua, mas uma vez que eu estou aqui, fica tão difícil desligar o botão de inglês e ligar outro, que você nem imagina!


E às vezes até a coisa mais simples pode virar uma verdadeira tortura. Entrei no armazém e tudo o que eu queria era um leite condensado. Por aqui, condensed milk. Perguntei pra um, falou que isso não existia. Perguntei pra outro, me levou pra sessão de iogurte. O terceiro, mais genérico, só me orientou até a sessão de leite. Foi preciso que um senhor, o mais velhinho do local, me levasse pacientemente até uma prateleira escondidinha, no último lugar e lá estava a latinha esperada. Também precisava de um creme-de-leite, mas depois disso tudo, achei melhor me contentar só com o condensado.




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